quarta-feira, fevereiro 01, 2006
Adorador/Poeta vs. Ginófobo/Misógino
Umas quantas citações, todas bastante diferentes, para reflectirmos um bocadinho e tirarmos o pensamento do stress dos exames. O autor já foi mencionado em posts anteriores.
"A morte tem um duplo aspecto: ela é o não-ser. Mas é também o ser, o ser atrozmente material do cadáver."
"A doçura da morte tem uma cor azul."
"[...] porque o sexo não é amor, é apenas um território de que o amor se apropria."
"- [...] Uma mulher poeta é duplamente mulher. É demasiado para um misógino como eu.
- Ouve, Boccacio, disse Goethe, porque é que te gabas sempre de ser misógino?
- Porque os misóginos são os melhores dos homens.
A estas palavras, todos os poetas reagiram fazendo assuada. Boccacio foi obrigado a elevar a voz:
- Compreendam-me. O misógino não despreza as mulheres. O misógino não gosta de feminilidade. Os homens dividiram-se sempre em duas grandes categorias. Os adoradores de mulheres, por outras palavras os poetas, e os misóginos, ou, melhor dizendo, os ginófobos. Os adoradores ou poetas veneram os valores femininos tradicionais como o sentimento, o lar, a maternidade, a fecundidade, os lampejos sagrados da histeria, e a voz divina da natureza em nós, enquanto para os misóginos ou ginófobos esses valores inspiram um certo receio. Na mulher, o adorador venera a feminilidade, enquanto o misógino dá sempre preferência à mulher em prejuízo da feminilidade. Não esqueçam uma coisa: uma mulher só pode ser verdadeiramente feliz com um misógino. Convosco, jamais uma mulher foi feliz! [...] O adorador ou poeta pode trazer a uma mulher o drama, a paixão, as lágrimas, as preocupações, mas nunca prazer. Conheci um. Adorava a sua mulher. Depois começou a adorar outra. Não queria humilhar uma delas enganando-a e a outra fazendo dela uma amante clandestina. Portanto confessou tudo à mulher legítima e pediu-lhe que o ajudasse, a mulher caiu doente, ele passava o tempo a chorar, a ponto de a amante, já não o poder suportar e lhe anunciar que o ia deixar. Deitou-se sobre os carris para um eléctrico o esmagar. Infelizmente, o condutor viu-o de longe e o meu adorador teve que pagar cinquenta coroas por entrave à circulação. [...] Os adoradores ou poetas são desde sempre uma preza sonhada para as histéricas, que sabem que eles nunca as esbofetearão. Os adoradores ficam desarmados perante as mulheres, porque nunca ultrapassaram a sombra da mãe. Vêem em cada mulher a mensageira da mãe e submetem-se a ela. As saias da mãe são para eles a abóbada celeste. Poetas, o que vedes acima de vossa cabeça não é o céu, mas a saia gigantesca da vossa mãe! Viveis todos sob a saia da mãe!"
Estou a tentar decidir qual sou. Bem que quero acreditar que sou ginófobo, mas as evidências apontam para as minhas tendências de adorador.
ass.: um adorador
"A morte tem um duplo aspecto: ela é o não-ser. Mas é também o ser, o ser atrozmente material do cadáver."
"A doçura da morte tem uma cor azul."
"[...] porque o sexo não é amor, é apenas um território de que o amor se apropria."
"- [...] Uma mulher poeta é duplamente mulher. É demasiado para um misógino como eu.
- Ouve, Boccacio, disse Goethe, porque é que te gabas sempre de ser misógino?
- Porque os misóginos são os melhores dos homens.
A estas palavras, todos os poetas reagiram fazendo assuada. Boccacio foi obrigado a elevar a voz:
- Compreendam-me. O misógino não despreza as mulheres. O misógino não gosta de feminilidade. Os homens dividiram-se sempre em duas grandes categorias. Os adoradores de mulheres, por outras palavras os poetas, e os misóginos, ou, melhor dizendo, os ginófobos. Os adoradores ou poetas veneram os valores femininos tradicionais como o sentimento, o lar, a maternidade, a fecundidade, os lampejos sagrados da histeria, e a voz divina da natureza em nós, enquanto para os misóginos ou ginófobos esses valores inspiram um certo receio. Na mulher, o adorador venera a feminilidade, enquanto o misógino dá sempre preferência à mulher em prejuízo da feminilidade. Não esqueçam uma coisa: uma mulher só pode ser verdadeiramente feliz com um misógino. Convosco, jamais uma mulher foi feliz! [...] O adorador ou poeta pode trazer a uma mulher o drama, a paixão, as lágrimas, as preocupações, mas nunca prazer. Conheci um. Adorava a sua mulher. Depois começou a adorar outra. Não queria humilhar uma delas enganando-a e a outra fazendo dela uma amante clandestina. Portanto confessou tudo à mulher legítima e pediu-lhe que o ajudasse, a mulher caiu doente, ele passava o tempo a chorar, a ponto de a amante, já não o poder suportar e lhe anunciar que o ia deixar. Deitou-se sobre os carris para um eléctrico o esmagar. Infelizmente, o condutor viu-o de longe e o meu adorador teve que pagar cinquenta coroas por entrave à circulação. [...] Os adoradores ou poetas são desde sempre uma preza sonhada para as histéricas, que sabem que eles nunca as esbofetearão. Os adoradores ficam desarmados perante as mulheres, porque nunca ultrapassaram a sombra da mãe. Vêem em cada mulher a mensageira da mãe e submetem-se a ela. As saias da mãe são para eles a abóbada celeste. Poetas, o que vedes acima de vossa cabeça não é o céu, mas a saia gigantesca da vossa mãe! Viveis todos sob a saia da mãe!"
Estou a tentar decidir qual sou. Bem que quero acreditar que sou ginófobo, mas as evidências apontam para as minhas tendências de adorador.
ass.: um adorador